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Vanguarda psiquiátrica | Internação Psiquiátrica Moderna

A internação psiquiátrica moderna é aquela que enxerga o paciente sob diferentes aspectos, visando sua recuperação e seu regresso ao convívio social e familiar. Mas isso só é possível com uma estrutura terapêutica adequada.

O médico francês Philippe Pinel (1745-1826), considerado por muitos o pai da primeira grande reforma psiquiátrica, foi um dos primeiros alienistas a humanizar os antigos sanatórios e asilos que abrigavam os doentes mentais. Contrariando a ideia geral em vigor de que os distúrbios mentais eram desvios de caráter ou possessões demoníacas, ele passou a olhar esses distúrbios como doenças que, em ambiente físico e social adequados, podiam ser tratadas com atenção e respeito aos processos da mente. Assim, além de reunir observações sobre quadros e sintomas, Pinel começou a separar os doentes mentais dos marginais e delinquentes, libertando-os das prisões e correntes para que, em espaços apropriados, pudessem receber atenção médica.

Posteriormente, as guerras e as graves crises econômicas e sociais do início do século XX levaram à superlotação, à deterioração e ao abandono destas instituições de saúde mental. Contudo, foi ainda no século XX que o surgimento da psicanálise e o avanço da medicina produziram uma segunda grande reforma psiquiátrica, agregando novas terapêuticas ao tratamento dos transtornos mentais. A Eletroconvulsoterapia e, posteriormente, os novos medicamentos surgidos a partir dos anos 50 tornaram-se os grandes agentes antimanicomiais, esvaziando os antigos e deteriorados sanatórios, permitindo que milhões de pessoas pudessem voltar ao convívio social e retomar suas vidas. Com isso, a internação asilar praticamente acabou, dando lugar à internação terapêutica, feita por indicação médica e de curta duração, com objetivos de reintegração social. Muito diferentes dos antigos sanatórios, pequenas clínicas com estrutura e ambiente especializado realizam o procedimento atualmente.

Nos últimos 30 anos, pretendeu-se fazer no serviço público do Brasil uma reforma psiquiátrica de cunho burocrático administrativo. De inspiração político-ideológica, sustentada por movimentos sociais e sem base médico-científica, ela promoveu uma enorme desinformação sobre a saúde mental, agravou estigmas e preconceitos, relegando ao abandono as pessoas carentes e necessitadas. Milhares de leitos públicos de internação psiquiátrica foram fechados, criando um passivo de desassistência que colocou a população de pacientes graves e crônicos à mercê da própria sorte. Os chamados Centros de Atendimento Psicossocial, CAPS, com os quais o governo pretendia substituir as internações psiquiátricas hospitalares, longe de oferecer um tratamento terapêutico adequado aos casos agudos, mostraram-se insuficientes para atender as demandas dessa população. “É como querer tratar uma perna arrancando a outra. A internação é fundamental no tratamento da saúde mental, principalmente nas crises agudas”, argumenta o psicólogo Claudio Melo, com vasta experiência profissional nessas unidades.

Para o especialista, o tratamento psiquiátrico moderno requer a disponibilidade de todos os serviços em uma rede complementar, exatamente como acontece na Holiste. “O importante é resgatar a autonomia do paciente, dando-lhe condições de entender sua doença e de se responsabilizar por ela, por seus sintomas, seu tratamento e seus atos. E isso não se consegue privando o paciente de determinado tratamento, mas disponibilizando todos os meios possíveis, lhe dando o apoio necessário para retomar sua vida e inserindo a família nesse processo”, defende Claudio.

Indiscutivelmente, o papel da família é fundamental no tratamento. Contudo, o suporte que ela deve exercer requer apoio e orientação, do contrário pode se tornar parte da doença e não da solução. “A intervenção terapêutica com a família é essencial, e isso desde sempre. O problema é que às vezes os familiares não se envolvem para ajudar, pois estão contaminados pela doença sem saber. O paciente não adoece sozinho. Ele adoece todos à sua volta, e a intervenção com a família é importante justamente para reorganizar isso”, explica o psiquiatra Luiz Fernando Pedroso, diretor clínico da Holiste.

 

Real necessidade

Hoje, a grande maioria das pessoas com transtornos mentais pode ser assistida em ambulatórios e consultórios, enquanto uma menor parcela, algo em torno dos 10%, exige assistência de hospitais psiquiátricos, hospitais dias e residências terapêuticas.

psicólogo Rogério Barros destaca que a internação não é a única intervenção eficaz, mas é, antes disso, uma estratégia específica para casos agudos, que favorece a melhora da adesão medicamentosa e o controle de sintomas significativos, protegendo o paciente e terceiros dos riscos relacionados a algumas patologias. “De forma simplificada, podemos compreender a internação como um recurso que tem a função de auxiliar o processo de retomada mínima da autonomia, garantindo e favorecendo o retorno, ou início, de outras estratégias de tratamento, como o acompanhamento ambulatorial e o hospital dia, explica.

O avanço da medicina, das possibilidades de tratamento, somados ao arsenal psicofarmacológico atual, contribuíram para o surgimento das clínicas com caráter terapêutico e reintegrador, preparadas para cuidar e, sobretudo, recuperar o doente e colocá-lo novamente na sociedade, na família e no mercado de trabalho. “Apenas uma parcela minoritária de pacientes psiquiátricos, em algum momento da evolução da doença, vai necessitar de um período de internação, situação que demanda tratamento em um ambiente diferenciado, protegido e seguro, que ofereça condições de enfretamento de sintomas mais severos, que possam vir a oferecer risco para o paciente”, alerta a psiquiatra Fabiana Nery.

 

Avaliar, cuidar e tratar

O maior desafio da psiquiatria é diagnosticar corretamente as patologias e estabelecer o tratamento adequado, já que a forma como a doença se desenvolve e regride é única para cada paciente. Neste contexto, o ambiente terapêutico é importante para que a equipe de profissionais consiga estabelecer vínculo com o paciente, viabilizando o diálogo, o que deve ser o principal foco de quem trabalha com a saúde mental, conforme destaca Dr. Luiz Fernando: “O modelo ideal de internação psiquiátrica é aquele que interna para cuidar, para tratar, que tem a função terapêutica. Nosso ambiente foi planejado sobretudo para ser um espaço de conversa, de troca, de vivências entre a equipe e os próprios pacientes. O resultado disso é que a grande maioria dos nossos pacientes estão aí, administrando suas empresas, suas carreiras e tocando suas vidas”

Para que esse objetivo seja alcançado é fundamental investir em estrutura, em recursos de tratamentos, em psicofármacos e aparelhos de neuroestimulação de última geração, e, acima de tudo, em uma equipe especializada e bem treinada. A nova clínica da Holiste, inaugurada recentemente, foi totalmente planejada para viabilizar o trabalho do profissional de saúde mental. “Com esse novo espaço podemos oferecer o que há de melhor naquilo que fazemos, especialmente nos núcleos de atendimento, que é o que existe de mais moderno em tratamento da saúde mental”, destaca Sandra Simon Siqueira, diretora técnica da Holiste.

psiquiatra Fabiana Nery considera que essa ambiência terapêutica aumenta extraordinariamente o potencial dos tratamentos. “O ambiente precisa ser primordialmente de vivência, com espaços de acolhimento e de socialização, mas que tenha por trás uma sólida estrutura hospitalar psiquiátrica”, avalia.

 

 Conversando sobre saúde mental

Os cuidados da Holiste não se restrinpalestras sobre ibogaina e cravinggem apenas aos seus pacientes, mas à própria comunidade. Investindo em treinamentos e palestras, a clínica construiu um auditório com capacidade para 90 pessoas, especialmente para ampliar os encontros e debates sobre temas pertinentes aos profissionais da saúde mental e, também, às famílias e cuidadores de pacientes psiquiátricos. “A psiquiatria tem a ver com o mundo, porque as pessoas têm a ver com o mundo. Mas, cada ser é único nas suas expectativas, nas suas histórias, na forma de reagir e de responder ao tratamento. Descobrir isso é o nosso desafio diário. A psiquiatria moderna entende que é importante estarmos conectados e sabermos lidar com o que acontece em todos os setores que regem nossas vidas, afinal, a gente lida com essas coisas e nossos pacientes também”, finaliza Sandra.